www.librevista.com nº 46
edición bilingue en portugués y castellano

Porque Lula?

x Leandro Aguiar [1]

A um observador estrangeiro, é compreensível que os últimos dez anos da vida política brasileira se confundam com o roteiro desengonçado de uma dessas séries de streaming contemporâneas, misto de House of Cards, La Casa de Papel e Game of Thrones, com suas viradas inverossímeis, vilões canastrões e um apelo desmedido ao melodrama.
O enredo é conhecido: de nação “em desenvolvimento”, para ficarmos no chavão da The Economist, que com sucesso combateu a miséria e apresentou respeitáveis índices de crescimento econômico; de articulador do BRICS[2] , bloco que pretendeu acenar com um contraponto à hegemonia geopolítica estadunidense; de sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, e tendo elegido em 2010 e reelegido em 2014 para a presidência da República uma mulher, e, além disso, uma ex-guerrilheira que lutara e fora torturada pelos generais que tomaram de assalto o poder em 1964; de Trópico onde a convivência entre as raças e religiões supostamente parecia possível, como demonstra a arte visionária de um Gilberto Gil[3] , de uma Maria Bethânia ou de um Paulinho da Viola, entre tantos outros; de tudo isso, e mais – pois, como defende o irmão de Bethânia, Caetano Veloso, o antropofagismo[4] cultural brasileiro pode ser uma chave para compreender os dilemas sociais, existenciais e políticos do século XX que, como vemos diariamente, regurgitam no século atual –, de tudo isso, enfim, o Brasil se converteu no país… de Bolsonaro.
Nos reportando à questão fundamental de um poeta brasileiro dos anos 1980, frontman da banda Legião Urbana Renato Russo: “que país é este”, o de Bolsonaro? Resumidamente, é um país entregue aos choques fiscalistas neoliberais, o que gerou, nos últimos três anos – isto é, desde que a extrema-direita venceu as eleições de 2018 –, uma aguda recessão econômica; um país com treze milhões de desempregados, muitos dos quais, nas periferias das grandes cidades, disputam os ossos e as entranhas animais que os frigoríficos, em condições normais, triturariam para produzir ração para gado; e, conduzindo essa  massa falida, temos uma penca de militares decadentes, congressistas corruptos, fariseus religiosos sectários e, é claro, Bolsonaro, que passeia pelo litoral com seu jet ski destilando ódio contra negros, mulheres, homossexuais, professores, artistas, defensores do meio ambiente, cientistas, indígenas, a esquerda e todos aqueles que, enfim, que não formam parte do seu eleitorado fiel.
Esse sórdido estado das coisas, porém, não é estanque. Uma série de pesquisas de opinião publicadas nos últimos meses dão conta de uma realidade provavelmente surpreendente para os estrangeiros, mas que, no Brasil, é recebida com certa naturalidade. O ex-presidente Lula lidera com folga a corrida eleitoral deste ano que inicia, somando mais intenções de voto que todos os seus concorrentes juntos. Para se ter uma ideia, 48% dos entrevistados[5] pretendem votar no petista, contra 22% dos que preferem reeleger Bolsonaro; já Sérgio Moro, o ex-juiz que mandou prender Lula, e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, é um forte candidato a vilão canastrão, mas não tanto à presidência: só 9% dos consultados confiariam nele o seu voto.
Porque Lula é o favorito entre a população que, nos últimos anos, assistiu, em geral com indiferença apática, ao golpe parlamentar e midiático contra sua sucessora Dilma Rousseff, por ele indicada? Porque Lula lidera as intenções de voto entre esse povo que observou, também passivo, à sua prisão flagrantemente injusta? E, por fim, porque Lula é a principal esperança de um país que, apenas quatro anos atrás, elegeu o reacionário Bolsonaro?

(Antes de ensaiar respostas, algumas informações relevantes: Lula foi retirado pela Justiça da corrida eleitoral de 2018, vencida por Bolsonaro. Apesar do apelo do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que, atendendo a um pedido da defesa do ex-presidente, recomendou à Suprema Corte brasileira que conferisse à Lula o direito de candidatar-se sub judice, enquanto os processos de corrupção contra si aguardavam recursos nos tribunais, a participação do líder do PT nas eleições foi vetada. Embora a força da onda antipetista nas eleições daquele ano seja inegável, o fato é que Lula liderava todas as sondagens eleitorais para a presidência da República, e com ampla vantagem. Fosse candidato, é provável que teria saído vencedor. O responsável pela sua condenação em primeira instância, como já dissemos, foi o ex-juiz Sérgio Moro. Em 2021, a mesma Suprema Corte que impediu Lula de concorrer à presidência reconheceu Moro como suspeito e incompetente para conduzir os processos contra o ex-presidente, que foi inocentado, recuperando seus direitos políticos).

Quanto a Dilma Rousseff, um ponto é indiscutível: era uma presidenta impopular – à época do impeachment, seu mandato era rejeitada por mais de 60% da população.
É justo dividir os créditos de sua impopularidade entre alguns atores. Um deles foi o próprio governo: nas eleições de 2014, quando Rousseff se reelegeu, o PT engajou-se numa das disputas mais acirradas da história eleitoral brasileira; a centrista Marina Silva e o direitista Aécio Neves foram apontados, pela máquina publicitária petista, como agentes do mercado financeiro, prontos a operar um radical corte nas contas do estado que afetariam negativamente a qualidade da saúde e educação pública, paralisando a economia e gerando queda na renda dos trabalhadores. É possível que o PT tivesse alguma razão, mas, uma vez vencida as eleições, foi o próprio governo Rousseff quem determinou o início de tal ajuste. Para o ministério da Fazenda (economia), foi escolhido um ex-diretor do Bradesco, um dos maiores bancos que operam no país. Quatro anos mais tarde, na gestão de Bolsonaro, esse mesmo ex-diretor tornar-se-ia chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento, entidade estatal que a extrema-direita, pouco a pouco, vêm privatizando.
Mas não só os próprios erros de Rousseff e do PT causaram a desgraça do partido – que redundou, também, na desgraça brasileira. Deflagrada, no fim do 1o mandato da presidenta, a operação Lava Jato, auto-proclamada como a “maior operação contra a corrupção da história”. A princípio, ela pôs atrás das grades empresários e políticos notoriamente corruptos. Logo, contudo, foram aclarando-se outras de suas intenções, conduzidas por métodos hoje sabidamente ilegais: fulminar o PT, a esquerda e, sobretudo, Lula.
Apadrinhada pela mídia, a Lava Jato, somada a crise econômica, desestabilizou o governo politicamente, bem como junto à opinião pública. Aécio, o derrotado de 2014, uniu a oposição parlamentar no propósito de trancar os trabalhos do Congresso, impedindo que medidas que poderiam minorar a crise econômica fossem votadas. Some-se a isso a história brasileira, indissociável das violências machistas e de um classismo histérico que abordamos num outro ensaio aqui em Librevista [6] , e têm-se o caldo em que fermentou o impeachment golpista contra Rousseff.
Em 2015 e 2016, um processo de radicalização reacionária de parte da população brasileira, com grande adesão da classe média, culminou nas ruas das grandes cidades, dando o respaldo popular que faltava para o fim da primeira era petista no governo. Muito se tem escrito sobre esse processo, certamente fomentado pelas novas tecnologias de comunicação da internet – mas também associado à valores seculares, que ressonam o passado colonial e escravocrata do Brasil. Quem soube manejar essas tecnologias e esses imaginários, num primeiro momento, foi a extrema-direita, que tinha diante de si um PT combalido e desgastado pelos treze anos no poder.
Já os que se mobilizaram em prol do mandato de Rousseff eram majoritariamente os universitários de esquerda e a militância sindical mais aguerrida, insuficiente para garantir a manutenção do governo. A maioria empobrecida que assistia indiferente à queda de Dilma estava desempregada ou desiludida com o PT, que em 2002 chegou ao poder prometendo profundas mudanças políticas, mas acabou vendo alguns de seus membros envolvidos em escândalos de corrupção que, em muitos casos, existiram de fato.
Chegamos então a uma de nossas questões: porque toda essa crise aparentemente não respinga na atual popularidade de Lula?

Um clichê entre os colunistas da imprensa tradicional brasileira reza que Lula é maior do que o PT – eles dizem isso na intenção de pintar o ex-presidente como um líder populista. Mas como tantos clichês, ele tem o seu quinhão de verdade. Embora a história do ex-presidente e do maior partido de esquerda das Américas seja indissociável, Lula é mesmo mais do que uma liderança partidária: é também o retirante nordestino que quase morreu de fome, mudou-se para São Paulo e fez-se metalúrgico, coordenando a maior greve sindical da história do país, que acossou a ditadura militar no fim dos anos 1970; é tido, portanto, como um membro genuíno do povo que após três derrotas na corrida presidencial ocupou o cargo mais alto da nação, corporificando a ascensão social desejada por tantos. E que, após isso, chefiou um governo que, na breve história democrática brasileira, e com justiça, já é lembrado com saudosismo.
Todas as movimentações judiciais contra Lula, as críticas razoáveis e os ataques baixos contra o ex-presidente na mídia, não lograram desfazer, no imaginário popular, esse papel desempenhado pelo líder petista.
Por fim, discreta e astuciosamente, Lula buscou dissociar-se de Dilma. Embora tenha estado presente, ao lado do compositor Chico Buarque, no julgamento final do impeachment no Senado, é raro, nos últimos anos, ouvir do ex-presidente qualquer palavra boa sobre os anos de Dilma no poder.

No dia 7 de abril de 2018, quando Lula seria preso sob a acusação de ter sido presenteado, por um dono de uma empreiteira que mantinha negócios com o governo, com um apartamento no litoral paulista, uma multidão de dez mil pessoas cercava o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos na Grande São Paulo, onde o ex-presidente se encontrava.
A multidão estava ali para impedir a passagem da polícia, e pedia a Lula que não se rendesse ao que consideravam como um arbítrio da Justiça. Os jornais repercutiam, à época, os convites de asilo político o líder petista recebeu de diversas embaixadas. E embora seus advogados e apoiadores sustentassem que os procuradores da Lava Jato haviam produzido uma acusação artificial, com o propósito de afastá-lo da disputa eleitoral – pois o ex-presidente nunca usufruíra do tal apartamento, como a própria Justiça admitia –, Lula caminhou sozinho para fora do prédio para se entregar à polícia.
Logo foi erguido nos ombros da multidão, e se é evidente que o dia 7 de abril representou uma derrota para esquerda, tratou-se, paradoxalmente, de uma derrota apoteótica.
A permanência de Lula no imaginário popular como uma figura resiliente, sofrida e perseverante (características, aliás, que geralmente atribui-se também ao “povo”) decorre de momentos como esse. Como nenhum outro político talvez desde Getúlio Vargas, que em 1954 suicidou-se, adiando em dez anos as intenções golpistas de seus opositores nas Forças Armadas, Lula possui um talento ao drama político invejado e temido por quem o detrata. Foi esse talento, ao lado dos esforços de seus advogados e do escândalo do vazamento das mensagens entre Moro e os procuradores da Lava Jato[7] , que levaram Lula a vencer a “guerra de narrativas”, para usar a expressão favorita de certos jornalistas, em torno das acusações contra si.
Apesar de ideologicamente muito distantes, Lula guarda outras semelhanças com Getúlio, um desses políticos que, como Perón, só a América Latina foi capaz de produzir. Sem ser dogmaticamente de esquerda ou direita, Getúlio, tal qual seu contemporâneo argentino, matinha um canal de comunicação aberto com as massas empobrecidas, que, em boa medida, confiavam nele. Hábil negociador, reunia o apoio de socialistas radicais e conservadores moderados, transformando-se num empecilho aos interesses da direita. Esta, por sua vez, não tinha propostas convincentes a apresentar a população: privatização, cortes salariais e enxugamento do estado nunca renderam muitos votos. Restou à direita, em 1950 e em 2014, uma bandeira solitária e hipócrita: “combater a corrupção”.
Numa primeira hora, quando o país, governado por Dilma, mergulhava na crise econômica, a Lava Jato soube capitalizar essa bandeira, cuja lógica ingênua sempre cativou os corações de classe média e alta no Brasil: o país viveria em meio a miséria e violência não em decorrência de seu passado de exploração colonial, hoje perpetuado por um sistema econômico intrinsecamente injusto e desumano, mas por causa da ganância de um punhado de políticos sem caráter. Eliminando-se esses políticos (que, segundo esse imaginário, geralmente são de esquerda), eliminar-se-iam todos os problemas do país. Portanto, não importam os métodos usados contra essa imaginária casta de sanguessugas do estado: a violência física dos anos da ditadura, e o arbítrio judicial operado contra Lula e Rousseff, seriam inerentemente bons, pois visariam a fins virtuosos.
Ao contrário de Vargas, porém, Lula não se matou. Passou quase dois anos preso, e nesse meio tempo foi proibido, pelos juízes da Lava Jato, de comparecer ao enterro de seu irmão e de seu neto de sete anos de idade. Em todo esse tempo, militantes petistas permaneceram acampados em frente a sede da polícia onde Lula estava encarcerado. Em 8 de novembro de 2019, a Suprema Corte enfim decidiu que a prisão havia sido inconstitucional, e o ex-presidente foi solto. À porta da prisão, outra multidão o aguardava.
Em 15 de abril de 2021, a Suprema Corte anulou as condenações contra Lula, que imediatamente tornou-se o favorito às eleições de presidenciais de 2022.

Mas o que esperar, nos próximos anos, de uma população que preferiu Dilma em 2014, pendeu para Bolsonaro em 2018 e agora parece disposto a eleger Lula? Alterações na composição demográfica do eleitorado à parte[8] , trata-se de uma oscilação bizarra, mas não inexplicável.
A eleição de 2018 não se deu numa conjuntura normal. Não fosse o impeachment golpista contra Dilma, a arbitrária exclusão de Lula do páreo, não fossem os métodos ilegais da Lava Jato, a crise econômica e a massiva disseminação online de mentiras delirantes por parte da campanha do atual presidente, aliada às ameças veladas das Forças Armadas e à passividade cúmplice do Supremo Tribunal Federal brasileiro, o ocupante do Palácio do Planalto não seria Bolsonaro. Isso dito, permanece o incômodo: mais de 57 milhões de brasileiros votaram na extrema-direita, contra os 47 milhões de votos recebidos por Haddad, indicado por Lula. Outros 42 milhões de eleitores se abstiveram de decidir entre os dois.
Entre os 57 milhões que elegeram Bolsonaro, muitos – pelo menos ¼, indicam as sondagens atuais – pretendem votar em Lula em outubro deste ano. Grande parte dessas pessoas mora de aluguel e passa o mês com menos de um salário mínimo[9] , e as distinções entre esquerda e direita, para estes, soam como um palavrório confuso, distante da dura realidade do dia a dia. Sempre, em períodos democráticos, foi esta parcela da população que decidiu as eleições.
Desde 2015, quando inicia a profunda crise econômica, política e comunicacional brasileira, a extrema-direita soube, melhor do que a esquerda, estabelecer um vínculo afetivo com estes eleitores, por meio daquilo que o filósofo Muniz Sodré chama de “estratégias sensíveis”. Imaginários em torno dos quais ergueu-se certa ideia de Brasil – a família tradicional, patriarcal e católica; a harmônica (e “naturalmente” hierarquizada) relação entre as raças e as classes; o bode expiatório que são os “governantes corruptos” – foram mobilizados e objetificados em símbolos, sons e cores. As massivas manifestações em verde e amarelo pelo impeachment de Rousseff e os passeios de moto de Bolsonaro e seus apoiadores durante o auge das mortes na pandemia, em enfrentamento homicida ao isolamento social recomendado em peso pela comunidade científica, são a materialização dessas estratégias.
Toda a esperança de mudança que Bolsonaro vendeu aos eleitores, porém, deu em mais de 600 mil mortes, desemprego, incêndios florestais e fome. Já a sua pauta reacionária de costumes mobiliza apenas uma parte pequena, ainda que histérica e estridente, dos eleitores. Lula, também pela via dos afetos e das emoções – no caso, o saudosismo de um tempo próspero e pacífico – ganhou a dianteira na corrida eleitoral.
O contraste entre a empatia de Lula e a indiferença de Bolsonaro perante a miséria e a peste, mais do que as diferenças ideológicas entre os dois, é cristalino para o eleitor empobrecido, que dará a palavra final em 2022. Mais hábil político brasileiro no uso da palavra na atualidade, Lula conseguiu deixar claro que é ele o anti-Bolsonaro, tarefa na qual seus concorrentes, como Moro ou Doria, que pretendem se vender como alternativas “centristas”, por ora fracassaram.

É uma sorte para o PT e para os humanistas em geral poder contar com Lula nesta eleição, que se anuncia como um verdadeiro embate entre a civilização e a barbárie. Mas, respondendo agora ao questionamento que me fez o nosso editor Alejandro Baroni quando da “encomenda” deste ensaio, que sustento terá, a médio prazo, essa mudança nas opiniões eleitorais dos brasileiros?
O PT depende da figura de Lula, é certo. Mas o desempenho de Haddad em 2018, quando o partido estava no ponto mais desgraçado de sua história, também não é desprezível, e aponta para uma possível renovação dos quadros do partido. No fim das contas, a situação dos progressistas junto à opinião pública “a médio prazo” dependerá do sucesso de um eventual governo Lula em reverter a desesperadora situação em que se encontra a maioria da população brasileira. Oxalá ele possa fazê-lo. ║

 

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[1] Brasileiro, 32 anos, é jornalista e faz doutorado em Comunicação na Universidade de Brasília, onde mora. Como repórter, colaborou como os jornais Folha de São Paulo, O Tempo, Brasil de Fato, Revista Piauí y BBC Brasil

[2] BRICS: bloco político e diplomático entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

[3] Entre 2003 e 2008, Gil, ícone da Tropicália, foi ministro da Cultura de Lula.

[4] O antropofagismo representa para os artistas sul-americanos uma forma de fusão da arte e ideias modernas, da Europa e dos Estados Unidos, com temas indígenas e negros, para os quais se torna um movimento essencial para a constituição da arte modernista brasileira, liderada principalmente por pintores e intelectuais.
O manifesto antropófago do poeta e ensaísta O. de Andrade de 1928 convida artistas, até agora influenciados por movimentos europeus, a superar essa hegemonia. A chave desta linha é a obra de Tarsila do Amaral (1886-1973), pintora e escultora brasileira que se encontrou em Paris em 1920 estudando na Académie Julian e em 1923 trabalhando com Gleizes e Léger, assumindo as lições do construtivismo russo e o cubismo e, posteriormente, desenvolvendo uma arte nacional enraizada em suas origens. A introdução da modernidade no resto da América Latina segue esse mesmo caminho em graus variados. Além disso, a antropofagia nos ensina que toda obra de arte nasce devorando os modelos. https://masdearte.com/movimientos/antropofagia/  Janeiro 2022

[7] Em junho de 2019, o site jornalístico The Intercept recebeu de um hacker conversas online entre os procuradores da Lava Jato e o juiz Moro, responsável pelos processos. Nos diálogos, que o Intercept publicou, evidencia-se a parceria firmada entre a acusação e o juiz – partes que, na Justiça brasileira, devem atuar independentes uma da outra. Em uma das conversas, Moro recomenda alterações na acusação contra Lula, e os próprios procuradores admitem que as provas contra Lula eram “fracas”. Ver: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/06/10/dallagnol-nao-tinha-certeza-de-provas-contra-lula-no-caso-triplex.htm janeiro 2022

[8] No Brasil, o voto é obrigatório a partir dos 18 anos; logo, de 2014 a 2018 e 2022, milhões de novos eleitores passaram a compor o eleitorado.

[9] O salário mínimo no Brasil corresponde, aproximadamente, a US$ 200

 

 

Sigue la traducción al castellano de Porque Lula? (revisada por el autor)

 

¿Por qué Lula?

x Leandro Aguiar[10]

Para un observador extranjero, es comprensible que los últimos diez años de la vida política brasileña se confundan con el torpe guión de una de esas series de streaming contemporáneas, mezcla de House of Cards, La Casa de Papel y Game of Thrones, con sus giros inverosímiles, villanos retorcidos y una apelación desenfrenada al melodrama.
La trama es bien conocida: una nación “en desarrollo”, para usar el cliché de The Economist, que luchó con éxito contra la pobreza y presentó tasas respetables de crecimiento económico; articuladora de los BRICS[11] , bloque que pretendía actuar como contrapunto a la hegemonía geopolítica estadounidense; sede de la Copa del Mundo de 2014 y de los Juegos Olímpicos de 2016, y de haber elegido en 2010 y reelegido en 2014 para la presidencia de la República a una mujer, a una exguerrillera que luchó y fue torturada por los generales que tomaron el poder por asalto en 1964; de Trópico donde la convivencia entre razas y religiones supuestamente parecía posible, como lo demuestra el arte visionario de un Gilberto Gil[12] , una Maria Bethânia o un Paulinho da Viola, entre muchos otros; de todo eso, y más – porque, como sostiene el hermano de Bethânia, Caetano Veloso, el antropofagismo[13] cultural brasileño puede ser una llave para comprender los dilemas sociales, existenciales y políticos del siglo XX que, como vemos a diario, regurgitan en el siglo actual -  después de todo eso, Brasil se ha convertido en el país… de Bolsonaro.
Recordando la pregunta fundamental de un poeta brasileño de la década de 1980, el frontman de la banda Legião Urbana Renato Russo: “¿qué país es este”, el de Bolsonaro? En definitiva, es un país entregado a los choques fiscales neoliberales, que ha generado, en los últimos tres años –es decir, desde que la extrema derecha ganó las elecciones de 2018– una fuerte recesión económica; un país con trece millones de desempleados, muchos de los cuales, en las afueras de las grandes ciudades, se disputan los huesos y las entrañas de animales que, en condiciones normales, los frigoríficos triturarían para producir alimentos para ganado; y, al frente de esta bancarrota, tenemos un puñado de militares decadentes, congresistas corruptos, fariseos religiosos sectarios y, por supuesto, Bolsonaro, que se pasea por la costa con jet-ski rezumando odio contra los negros, las mujeres, los homosexuales, los maestros, los artistas, defensores del medio ambiente, científicos, indígenas, de izquierda y todos aquellos que, en fin, no forman parte de su fiel electorado.
Este sórdido estado de cosas, sin embargo, no es estanco. Una serie de sondeos de opinión publicados en los últimos meses dan cuenta de una realidad que probablemente sorprenda a los extranjeros, pero que, en Brasil, es recibida con cierta naturalidad. El expresidente Lula lidera cómodamente la carrera electoral en este año, sumando más intenciones de voto que todos sus competidores juntos. Para hacerse una idea, el 48% de los encuestados[14] pretende votar por el PT, frente al 22% de los que prefieren reelegir a Bolsonaro; Sérgio Moro, el exjuez que ordenó el arresto de Lula y exministro de Justicia de Bolsonaro, es un firme candidato a villano, pero no tanto a la presidencia: solo el 9% de los consultados le confiaría su voto.
¿Por qué Lula es el favorito entre la población que, en los últimos años asistió, en general con indiferencia apática, el golpe parlamentario y mediático contra su sucesora Dilma Rousseff, nombrada por él? ¿Por qué Lula lidera las intenciones de voto entre ese pueblo que, también pasivamente, observó su arresto descaradamente injusto? Y, finalmente, ¿por qué Lula es la principal esperanza de un país que, hace apenas cuatro años, eligió al reaccionario Bolsonaro?

(Antes de ensayar respuestas, algunos datos relevantes: Lula fue apartado por la Justicia de la competencia electoral de 2018, ganada por Bolsonaro. Pese al llamamiento del Comité de Derechos Humanos de la ONU, que en respuesta a un pedido de la defensa del expresidente, recomendó a la Corte Suprema de Brasil que concediera a Lula el derecho a postularse como candidato sub judice, mientras los casos de corrupción en su contra esperaban apelación en los tribunales, la participación del líder del PT en las elecciones fue vetada. Aunque la fuerza de la onda antipetista era innegable, el hecho fue que Lula lideraba todas las encuestas electorales para la presidencia de la República y con amplia ventaja. De haber sido candidato, es probable que hubiera ganado. El responsable de su condena en primera instancia, como ya hemos dicho, fue el exjuez Sérgio Moro. En 2021, la misma Corte Suprema que impidió que Lula se presentara a la presidencia, reconoció a Moro como sospechoso e incompetente para conducir el proceso contra el expresidente, quien fue exonerado, recuperando sus derechos políticos).

En cuanto a Dilma Rousseff, un punto es indiscutible: fue una presidenta impopular –en el momento del impeachment (juicio político), su mandato era rechazado por más del 60% de la población.
Es justo compartir el crédito por su impopularidad entre unos pocos actores. Uno de ellos fue el propio gobierno: en las elecciones de 2014, cuando Rousseff fue reelecta, el PT se involucró en una de las disputas más encarnizadas de la historia electoral brasileña; La centrista Marina Silva y el derechista Aécio Neves fueron señalados por la maquinaria publicitaria del PT como agentes del mercado financiero, dispuestos a realizar un recorte radical en las cuentas estatales que afectaría negativamente la calidad de la salud y la educación públicas, paralizando la economía y provocando una baja en los ingresos de los trabajadores. Es posible que el PT tuviera alguna razón, pero una vez ganadas las elecciones, fue el propio gobierno de Rousseff el que determinó el inicio de tal ajuste. Para el Ministerio de Hacienda (economía) fue elegido un exdirector de Bradesco, uno de los mayores bancos que operan en el país. Cuatro años después, durante la administración de Bolsonaro, este mismo exdirector pasaría a ser titular del Banco Nacional de Desarrollo, entidad estatal que la extrema derecha, poco a poco, viene privatizando.
Pero no sólo los errores de Rousseff y del PT causaron la desgracia del partido, que también redundó en la desgracia brasileña. Al finalizar el primer mandato de la presidente se lanzó la operación Lava Jato (lavado de chorros) autoproclamada como la “mayor operación anticorrupción de la historia”. Al principio, puso tras las rejas a empresarios y políticos notoriamente corruptos. Pronto, sin embargo, se esclarecieron sus otras intenciones, impulsadas por métodos que ahora se sabe ilegales: fulminar al PT, a la izquierda y, sobre todo, a Lula.
Patrocinado por los medios, Lava Jato, sumado a la crisis económica, desestabilizó al gobierno tanto políticamente como con la opinión pública. Aécio, el perdedor de 2014, unió a la oposición parlamentaria para frenar los trabajos del Congreso, impidiendo que se votaran medidas que pudieran paliar la crisis económica. Agréguese a eso la historia brasileña, inseparable de la violencia machista y un clasismo histérico que discutimos en otro ensayo aquí en Librevista[15] , y tenemos el caldo en el que fermentó el impeachment golpista contra Rousseff.
En 2015 y 2016, un proceso de radicalización reaccionaria de parte de la población brasileña, con gran apoyo de la clase media, culminó en las calles de las grandes ciudades, brindando el apoyo popular que faltaba para el final de la primera etapa del PT en el gobierno. . Mucho se ha escrito sobre este proceso, ciertamente fomentado por las nuevas tecnologías de comunicación de Internet, pero también asociado con valores seculares, que resuenan con el pasado colonial y esclavista de Brasil. Quien supo manejar estas tecnologías y estos imaginarios, en un principio, fue la extrema derecha, que se enfrentó a un PT debilitado y desgastado por los trece años en el poder.

Por otro lado, quienes se movilizaron a favor del mandato de Rousseff fueron en su mayoría estudiantes universitarios de izquierda y la más férrea militancia sindical, insuficiente para garantizar el mantenimiento del gobierno. La mayoría empobrecida que vio con indiferencia la caída de Dilma estaba desempleada o desilusionada con el PT, que en 2002 llegó al poder prometiendo cambios políticos profundos, pero terminó viendo a algunos de sus miembros involucrados en escándalos de corrupción que, en muchos casos, realmente existieron.
Entonces llegamos a una de nuestras preguntas: ¿por qué aparentemente toda esta crisis no se extiende a la popularidad actual de Lula?

Un cliché entre los columnistas de la prensa tradicional brasileña es que Lula es más grande que el PT; dicen esto en un intento de pintar al ex presidente como un líder populista. Pero como tantos clichés, tiene su parte de verdad. Si bien la historia del expresidente y el mayor partido de izquierda de América es inseparable, Lula es más que un líder partidario: es también el migrante nordestino que casi muere de hambre, se mudó a São Paulo y se hizo metalúrgico, coordinando la huelga sindical más grande de la historia del país, que acosó a la dictadura militar a fines de la década de 1970; se le considera, por tanto, como un genuino miembro del pueblo que, tras tres derrotas en elecciones presidenciales, ocupó el cargo más alto de la nación, encarnando la ascensión social anhelada por tantos. Y que, después de eso, encabezó un gobierno que, en la breve historia democrática brasileña, y con justicia, ya es recordado con nostalgia.
Todas las acciones legales contra Lula, las críticas razonables y los ataques de bajo nivel al expresidente en los medios, no han logrado deshacer, en el imaginario popular, este papel jugado por el líder del PT.
Finalmente, con discreción y astucia, Lula buscó desvincularse de Dilma. Aunque estuvo presente, junto al compositor Chico Buarque, en el juicio político final en el Senado, es raro, en los últimos años, escuchar palabras elogiosas del expresidente sobre los años de Dilma en el poder.

El 7 de abril de 2018, cuando Lula iba a ser arrestado acusado de haber recibido como regalo un apartamento en la costa de San Pablo de parte del dueño de una constructora que hacía negocios con el gobierno, una multitud de diez mil personas rodeó el edificio del Sindicato de Trabajadores Metalúrgicos del Gran San Pablo, donde estuvo el expresidente.
La multitud estaba allí para impedir el paso de la policía y le pidieron a Lula que no se rindiera a lo que consideraban una acción arbitraria de la justicia. Los diarios, en su momento, se hicieron eco de las invitaciones de asilo político que el líder del PT recibió de varias embajadas. Y aunque sus abogados y simpatizantes sostuvieron que los fiscales del Lava Jato habían elaborado una acusación artificial, con el propósito de sacarlo de la disputa electoral - ya que el expresidente nunca había disfrutado de un apartamento así, como admitió la propia Justicia -  Lula salió y caminó solo fuera del edificio para entregarse a la policía.
Pronto la multitud lo alzó en hombros, y si es evidente que el 7 de abril representó una derrota para la izquierda, fue, paradójicamente, una derrota apoteótica.
La permanencia de Lula en el imaginario popular como figura resiliente, sufriente y perseverante (características, por cierto, que generalmente se atribuyen también al “pueblo”) se deriva de momentos como este. Como ningún otro político desde Getúlio Vargas, quien se suicidó en 1954, postergando por diez años las intenciones golpistas de sus oponentes en las Fuerzas Armadas, Lula tiene un talento para el drama político envidiado y temido por quienes lo destratan. Fue este talento, junto con el esfuerzo de sus abogados y el escándalo de la filtración de mensajes entre Moro y los fiscales Lava Jato[16] , lo que llevó a Lula a ganar la “guerra narrativa”, para usar la expresión favorita de ciertos periodistas, en torno a los cargos en su contra.
Aunque ideológicamente muy distante, Lula tiene otras similitudes con Getúlio, uno de esos políticos que, como Perón, solo América Latina fue capaz de producir. Sin ser dogmáticamente de izquierda o derecha, Getúlio, como su contemporáneo argentino, mantuvo un canal abierto de comunicación con las masas empobrecidas, que en gran medida confiaban en él. Hábil negociador, reunió el apoyo de socialistas radicales y conservadores moderados, convirtiéndose en un obstáculo para los intereses de la derecha. Ésta, a su vez, no tuvo propuestas convincentes para presentar a la población: las privatizaciones, los recortes salariales y la reducción del Estado nunca obtuvieron muchos votos. Lo que quedó para la derecha, en 1950 y en 2014, fue una consigna solitaria e hipócrita: “combatiendo la corrupción”.
En principio, cuando el país, gobernado por Dilma, estaba sumido en la crisis económica, Lava Jato supo capitalizar esta bandera, cuya lógica ingenua siempre cautivó los corazones de las clases media y alta de Brasil: el país viviría en medio de la miseria y la violencia no como resultado de su pasado de explotación colonial, hoy perpetuado por un sistema económico intrínsecamente injusto e inhumano, sino por la codicia de un puñado de políticos sin carácter. Eliminar a estos políticos (que, según esta imaginación, son generalmente de izquierda), eliminaría todos los problemas del país. Por lo tanto, cualesquiera que sean los métodos utilizados contra esta casta imaginaria de chupasangres estatales: la violencia física de los años de la dictadura y el arbitraje judicial operado contra Lula y Rousseff, serían inherentemente buenos, ya que apuntarían a fines virtuosos.
Sin embargo, a diferencia de Vargas, Lula no se suicidó. Pasó casi dos años en prisión y, mientras tanto, los jueces de Lava Jato le prohibieron asistir al funeral de su hermano y su nieto de siete años. Durante todo este tiempo, los militantes del PT permanecieron acampados frente a la jefatura de policía donde estuvo detenido Lula. El 8 de noviembre de 2019, la Corte Suprema finalmente dictaminó que el arresto había sido inconstitucional y el expresidente fue puesto en libertad. En la puerta de la prisión, otra multitud lo esperaba.
El 15 de abril de 2021, la Corte Suprema anuló las condenas contra Lula, quien de inmediato se convirtió en el favorito en las elecciones presidenciales de 2022.

Pero, ¿qué esperar, en los próximos años, de una población que prefirió a Dilma en 2014, se inclinó por Bolsonaro en 2018 y ahora parece dispuesta a elegir a Lula? Dejando a un lado los cambios en la composición demográfica del electorado[17] , esta es una oscilación bizarra, pero no inexplicable.
Las elecciones de 2018 no se desarrollaron en un contexto normal. Si no fuera por el impeachment golpista a Dilma, la exclusión arbitraria de Lula de la competencia electoral, si no fuera por los métodos ilegales del Lava Jato, la crisis económica y la difusión masiva online de mentiras delirantes por parte de la campaña del actual presidente, aliado a las amenazas veladas de las Fuerzas Armadas de Brasil y la complicidad pasiva de la Corte Suprema de Brasil, el ocupante del Palacio del Planalto no sería Bolsonaro. Dicho esto, queda lo incómodo: más de cincuenta y siete millones de brasileños votaron por la extrema derecha, frente a los cuarenta y siete millones de votos que recibió Haddad, postulado por Lula. Otros cuarenta y dos millones de votantes se abstuvieron de decidir entre los dos.
Entre los cincuenta y siete millones que eligieron a Bolsonaro, muchos, al menos una cuarta parte, según las encuestas actuales, tienen la intención de votar por Lula en octubre de este año. La mayoría de estas personas alquilan su vivienda y pasan el mes con menos de un salario mínimo[18] . Las distinciones entre izquierda y derecha, para ellos, suenan como una cháchara confusa, alejada de la dura realidad de la vida cotidiana. Siempre, en épocas democráticas, fue esta parte de la población la que decidió las elecciones.
Desde 2015, cuando comenzó la profunda crisis económica, política y de comunicación brasileña, la extrema derecha supo, mejor que la izquierda, establecer un vínculo afectivo con estos votantes, a través de lo que el filósofo Muniz Sodré llama “estrategias sensibles”. Imaginarios en torno a los cuales se construyó una cierta idea de Brasil: la familia tradicional, patriarcal y católica; la relación armoniosa (y “naturalmente” jerárquica) entre razas y clases; el chivo expiatorio que son los “gobernantes corruptos”- fueron movilizados y objetivados en símbolos, sonidos y colores. Las multitudinarias manifestaciones en verde y amarillo por el impeachment de Rousseff y los paseos en moto de Bolsonaro y sus simpatizantes durante el pico de muertes en la pandemia, en un enfrentamiento homicida con el aislamiento social fuertemente recomendado por la comunidad científica, son la materialización de estas estrategias.
Toda la esperanza de cambio que vendió Bolsonaro a los votantes, sin embargo, se saldó con más de seiscientos mil muertos, desempleo, incendios forestales y hambre. Su reaccionaria agenda costumbrista, en cambio, moviliza solo a una pequeña, aunque histérica y estridente parte de los votantes. Lula, también a través del afecto y las emociones, en este caso, con la nostalgia de una época próspera y pacífica, ganó la delantera en la campaña electoral.

El contraste entre la empatía de Lula y la indiferencia de Bolsonaro ante la pobreza y la peste, más que las diferencias ideológicas entre ambos, es clarísimo para el votante empobrecido, que tendrá la última palabra en 2022. Lula logró dejar claro que él es el anti-Bolsonaro, tarea en la que hasta ahora han fracasado sus competidores, como Moro o Doria, que pretenden venderse como alternativas “centristas”.
Es una suerte para el PT y para los humanistas en general poder contar con Lula en esta elección, que se anuncia como un verdadero choque entre civilización y barbarie. Pero, respondiendo ahora a la pregunta que me hizo nuestro editor Alejandro Baroni cuando “encargó” este ensayo, ¿qué apoyo tendrá este cambio en las opiniones electorales de los brasileños en el mediano plazo?
El PT depende de la figura de Lula, es cierto. Pero la actuación de Haddad en 2018, cuando el partido estaba en el momento más vergonzoso de su historia, tampoco es desdeñable, y apunta a una posible renovación de los cuadros del partido. Al final, la situación de los progresistas en la opinión pública “a medio plazo” dependerá del éxito de un eventual gobierno de Lula en revertir la desesperada situación en la que se encuentra la mayoría de la población brasileña. Ojalá pueda hacerlo. ║

 

www.librevista.com nº 46

[10] Brasileño, 32 años, es periodista y tiene un doctorado en Comunicación en la Universidad de Brasilia, donde vive. Como reportero, colaboró con los diarios Folha de São Paulo, O Tempo, Brasil de Fato, Revista Piauí y BBC Brasil..

[11] BRICS: bloque político y diplomático entre Brasil, Rusia, India, China y Sudáfrica.

[12] Entre 2003 e 2008, Gil, ícono de la Tropicália, fue ministro de la Cultura de Lula

[13] El antropofagismo representa para los artistas sudamericanos una forma de fusionar el arte y las ideas modernas, de Europa y los Estados Unidos, con temas indígenas y negros, por lo que se convierte en un movimiento esencial para la constitución del arte modernista brasileño, liderado principalmente por pintores e intelectuales.
El manifiesto antropófago del poeta y ensayista O. de Andrade de 1928 invita a los artistas, hasta ahora influidos por los movimientos europeos, a superar esta hegemonía. En esta línea es clave el trabajo de Tarsila do Amaral (1886-1973), pintora y escultora brasileña que se encuentra en 1920 en París estudiando en la Académie Julian y en 1923 trabajando con Gleizes y Léger, asumiendo las lecciones del constructivismo ruso y el cubismo, y desarrollando posteriormente un arte nacional enraizado en sus orígenes. La introducción de la modernidad en el resto de América Latina sigue ese mismo camino en diversos grados. Además la antropofagia nos enseña que toda obra de arte nace por devoración de los modelos. https://masdearte.com/movimientos/antropofagia/ enero 2022

[16] En junio de 2019, el sitio periodístico The Intercept recibió de un hacker conversaciones en línea entre los fiscales del Lava Jato y el juez Moro, responsable de los procesos. En los diálogos publicados por Intercept, es evidente la asociación entre la fiscalía y el juez, partes que, en la justicia brasileña, deben actuar independientemente el uno del otro. En una de las conversaciones, Moro recomienda cambios en la acusación contra Lula, y los propios fiscales admiten que las pruebas contra Lula eran “débiles”. Ver: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/06/10/dallagnol-nao-tinha-certeza-de-provas-contra-lula-no-caso-triplex.htm  Enero 2022

[17] En Brasil, el voto es obligatorio a partir de los 18 años; por lo tanto, de 2014 a 2018 y 2022, millones de nuevos votantes pasaron a formar parte del electorado.

[18] El salario mínimo en Brasil corresponde, aproximadamente, a US$ 200

 

 

 

 

 

 

 

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